O Árbitro de Futebol – uma Abordagem Histórica - Parte 3



O árbitro é chamado muitas vezes de “juiz”, mas, na verdade, o nome correto desse profissional encarregado de conduzir uma partida de futebol é “árbitro”. Esta confusão dá-se pelo fato de que antigamente a regra chamava o árbitro de juiz, e seus assistentes de auxiliares, fiscais ou juizes de linha. Hoje a regra trata o árbitro apenas como árbitro (principal) e seus assistentes de árbitros-assistentes.

No Brasil, de acordo com Almeida (19–), a figura do árbitro surgiu junto com o futebol. Aqui o futebol surgiu oficialmente em 1894, trazido por Charles Miller, da Inglaterra. Após para de atuar como jogador, em 1910, Charle Miller passou a atuar como árbitro de futebol no Brasil.

Barros (1990) salienta que é uma situação difícil conduzir uma partida no Brasil, e que são muitos os fatores que contribuem para tal. Entre os problemas que interferem na arbitragem pode-se destacar a falta de estrutura de vários campos de futebol, a falta de segurança, a conduta desonesta de alguns dirigentes, falta de conhecimento das regras por atletas, técnicos e treinadores, e o próprio despreparo de alguns árbitros. Segundo esse autor, as previsões para um mau andamento de uma partida de futebol começam uma semana antes de um clássico.

A imprensa começa a especular, os dirigentes querem coagir o árbitro e várias pessoas começam a emitir suas opiniões sobre quem deve ou não apitar o jogo. Dessa forma, os jogadores já entram no campo psicologicamente defendidos contra determinados árbitros. Esse fato, por si só, já dificulta a arbitragem da partida.

Segundo Almeida (19–), no começo, o árbitro comportava-se no mesmo nível amadorístico dos jogadores.

Para apitar uma partida, era escolhida uma pessoa momentos antes dela iniciar-se, nada recebendo por seu trabalho. As pessoas escolhidas eram extremamente corretas, até que perceberam ser apaixonadas por uma das equipes, como qualquer mortal. Já que como árbitro podia atuar qualquer pessoa, na maioria das vezes eram ex-jogadores de futebol, eram pessoas com muita influência ou prestígio na cidade onde iria ser realizada a partida. O escritor Walter Wanderley, citado por Lima (1992), diz que, certo dia, em Mossoró, uma mulher, Dona Celina Guimarães Viana, apitou um jogo em uma praça. Corria vestida com uma saia, suou e fez miséria, inclusive marcando um pênalti para cada equipe.

Segundo Malcher (19–), o árbitro é quase esquecido, ingratamente, durante a alegria de uma vitória, sendo relegado a segundo plano, esquecido na dedicação e eficiência de seu trabalho. No entanto, na derrota é ultrajado impiedosamente, não sendo poupado de injúrias. De acordo com Iazzetti (19–), o árbitro é um ser humano como qualquer outra pessoa, e como tal ele pode cometer erros. Os erros podem ser cometidos porque o árbitro estava mal postado em campo, devido a ter interpretado a regra ou o lance erroneamente, por não ter tido tempo suficiente para interpretar a jogada. Uma jogada faltosa, que pode ser assistida por dez mil pessoas, o árbitro, juntamente com outras dez mil pessoas que estão postadas do outro lado do estádio, podem não estar vendo, por causa do ângulo de visão que cada um está tendo.

Para Ekblom (1994) uma “decisão errada” do árbitro, é uma decisão de acontecimento. Os erros cometidos pelos árbitros são imperdoáveis para algumas pessoas. Errar pode ser considerado uma atitude que qualquer pessoa pode cometer, mas válido para o árbitro dentro do campo. Encerrar uma partida agradando as duas torcidas é um ato desumano, se não impossível. A maioria acha que o árbitro não erra, e, sim, age de má fé. Fraga (19–) relata que a vida de árbitro de futebol é uma tortura, que se uma pessoa quiser vingar-se de alguém, ela deve apenas pedir a Deus que o outro seja um árbitro de futebol.


Fonte: Universidade do Futebol - Disponível em: <https://universidadedofutebol.com.br/o-arbitro-de-futebol-uma-abordagem-historica/>.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Links Recomendados