A Evolução da Educação Física - Parte 1

No século passado a Educação Física era ligada à classe médica e aos militares, do qual se visava o favorecimento de um corpo saudável e menos suscetível a doenças. Embora ainda não fosse praticada por todos, devido ao pensamento político e intelectual brasileiro da época, do qual havia uma forte preocupação com a eugenia. Como o contingente de escravos negros era muito grande, havia o temor de uma “mistura” que “desqualificasse” a raça branca, (BRASIL, 1997).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) afirmam que mesmo com a elite estando de acordo com os pressupostos teóricos, Qualquer ocupação que implicasse esforço físico era vista com maus olhos, considerada “menor”. Isso acabou dificultando a inclusão da prática de atividades físicas na escola. Contudo, as instituições militares através das fortes influências da filosofia positivista, trabalharam o físico visando formar indivíduos fortes e saudáveis para defenderem a pátria e seus ideais.

“Em 1851 foi feita a Reforma Couto Ferraz, a qual tornou obrigatória a Educação Física nas escolas do município da Corte” (BRASIL, 1997, p. 19). Houve divergências por parte dos pais ao verem seus filhos em atividades que não eram consideradas intelectuais. Obtendo-se tolerância maior para os do sexo masculino, já que a ideia da ginástica associava as instituições militares.

“No ano de 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Projeto 224 — Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública” (BRASIL, 1997, p.19). Ele defendeu a inclusão da ginástica, sobre o pretexto de se ter um corpo saudável para sustentar a intelectualidade.

Neste mesmo século a Educação Física começou a sofrer fortes influências do movimento escola-novista no qual se destacou a importância dela para a formação integral do ser humano. De acordo com os PCN’s (1997), isso possibilitou que profissionais da educação na III Conferência Nacional de Educação em 1929, discutissem as metodologias de ensino e os problemas relacionados à Educação Física.



Nessa época a Educação Física era baseada nos métodos europeus, onde se firmavam em princípios biológicos, do qual fizeram parte do Movimento Ginástico Europeu, e foi a primeira sistematização científica da Educação Física no Ocidente.

No Brasil, na década de 30, ainda havia ideias que se associavam a eugenização da raça à Educação Física devido ao contexto histórico e político mundial. (BRASIL, 1997, p.20) “O exército passou a ser a principal instituição a comandar um movimento em prol do ‘ideal’ da Educação Física que se mesclava aos objetivos patrióticos e de preparação pré-militar”. O discurso eugênico logo cedeu lugar aos objetivos higiênicos e de prevenção de doenças, estes sim, passíveis de serem trabalhados dentro de um contexto educacional.

Foi em 1937, na elaboração da Constituição, que se fez a primeira referência à Educação Física clara nos textos das constituições federais, do qual a incluem como prática educativa obrigatória, no currículo junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras, ressalta os PCN’s (1997).

A partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, a Educação Física passou a ter obrigatoriedade para os ensinos primário e médio. Foi a partir daí que o esporte passou a ocupar mais espaço nas aulas de Educação Física. A esportivização da EF escolar começou com a “introdução do Método Desportivo Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica tradicional e uma tentativa de incorporar esporte, que já era uma instituição bastante independente, adequando-o a objetivos e práticas pedagógicas” (BRASIL, 1997, p. 20).

A partir das tendências tecnicistas, em 1968 com a Lei n. 5.540, e, em 1971, com a 5.692, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado e foi sendo considerada uma atividade prática, voltada para o desempenho técnico e físico do aluno.

Ainda com os PCN’s (1997), durante a década de 70, o governo militar investiu na Educação Física em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração nacional e na segurança nacional. As atividades esportivas também foram consideradas como fatores que poderiam colaborar na melhoria da força de trabalho para o “milagre econômico brasileiro”. Nesse período estreitaram-se os vínculos entre esporte e nacionalismo.

No âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve, aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando” (BRASIL, p. 21). Contudo, a Educação Física ainda mantinha o foco na aptidão física. A partir da quinta série acontecia a iniciação esportiva, visando o descobrimento de “talentos” que viessem representar a pátria em competições internacionais.

Segundo os PCN’s (1997), Na década de 80, esses métodos começaram a serem contestados por o país não se tornar uma nação olímpica e a competição esportiva de elite não aumentar o número de praticantes de atividades físicas. Isso ocasionou mudanças significativas nas políticas educacionais, onde a Educação Física escolar passou a priorizar o seguimento de primeira a quarta série e também a pré-escola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover os esportes de alto rendimento.

Sobre as influências das novas teorias críticas, a Educação Física passou a ter seu papel questionado. Ampliou-se a visão de uma área biológica, reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como ser integral, de acordo com os PCN’s (1997).


A Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 20 de dezembro de 1996 busca transformar o caráter que a Educação Física assumiu nos últimos anos ao explicitar no art. 26, § 3o, que “a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Dessa forma, a Educação Física deve ser exercida em toda a escolaridade de primeira a oitava séries, não somente de quinta a oitava séries, como era anteriormente.

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