Desde criança, sempre que vou ao
futebol fico tocado pelo que acredito ser a solidão do juiz durante os noventa
minutos. Confesso que, dos jogos a que assisto, dedico um tempo para observar
esse personagem. Responsável por levar o espetáculo a bom termo, sem erros –
ainda que conte com os dois auxiliares –, ele estará só em todas as decisões.
Solitário, corre o campo entre os 22
envolvidos na disputa, atletas que estão ali em equipe, auxiliando-se
mutuamente, razão por que os erros individuais se diluem no conjunto. O árbitro
é um isolado. Particularmente quando erra, o erro será pessoal, não poderá ser
dividido com ninguém.
Dizemos que errar é humano. Sim, ao longo
de nossas vidas, erramos em muitas das escolhas pessoais que fazemos, erramos algumas
vezes no trabalho e outras tantas nas relações humanas. Em presença de nossos
erros, temos a tendência de nos eximir deles, fazer pouco caso ou imputar a
outrem a culpa.
Sabe-se lá por que nos é tão difícil
admitir os próprios erros. Entretanto, como é fácil apontar equívocos dos
outros e criticá-los por isso. Nessas horas, quase sempre a isenção vai para as
cucuias e a crítica nunca resultará neutra: será sempre comandada pelas nossas
crenças que, por sua vez, são norteadas pelas nossas paixões. Nossas paixões,
não as precisamos justificar, justificam-se por si próprias.
O futebol é um esporte marcadamente
passional: entre torcedores jamais irá imperar a razão, mas a paixão. Durante
toda a partida, aqueles que a assistem mantêm os olhos na bola tanto quanto,
judiciosamente, permanecem atentos às marcações do juiz, ele próprio sendo
julgado a cada decisão que toma. Na efervescência da disputa em que só
interessa é a vitória, o erro (ou presumível erro) do árbitro será
desencadeador das manifestações mais apaixonadas, logo irracionais.
Torcedores entusiastas ou comentaristas esportivos apaixonados pelo seu
trabalho jamais serão complacentes com aquilo que, a seu ver, possa se
constituir num deslize do juiz, por mais consciencioso que ele seja tido.
Dificilmente um erro de arbitragem será aceito com a serenidade de aceitação
que qualquer erro merece.
Um erro é apenas um erro, a vida está
eivada deles. Lutamos continuamente para evitá-los embora saibamos que isso nem
sempre seja possível. Assim também o árbitro solitário, como qualquer ser
humano e não obstante as novas tecnologias de mídia, seguirá sua marcha
meneando entre os acertos devidos e os erros que lhe valerão sabe lá Deus o
quê.
FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO
NOVO
Sugestões, criticas, elogios,
comentários, entre outros:
ALEXANDRE ROGÉRIO MARQUES
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