Suponhamos
que o juiz não seja torcedor de nenhum dois dos times, o grande e o pequeno, o
forte e o fraco. Podemos supor que, como qualquer ser humano, tem alguma de
duas disposições opostas: se inclina a favor do pequeno ou fraco, em nome de
alguma versão interiorizada da justiça, ou a favor do grande em nome de outros
critérios, por exemplo, o pequeno deve sofrer para crescer ou o fraco não
deve atrapalhar o
campeonato dos adultos.
De fato, um
bom juiz, imparcial, deveria
refletir sobre suas disposições e observar se elas influenciam sua forma de
apitar. Talvez tivéssemos que colocar psicanalistas que lhes ajudassem a
demover suas disposições caso elas existam. Essa tarefa não é fácil, sobretudo,
se o recurso à análise é um direito do juiz e não uma obrigação posta como tal
por um colegiado superior (corregedoria dos árbitros?). A análise estatística
de sua atuação poderia dar sinais sobre sua disposição subjacente – isso não é
impossível de ser feito – e, então, introduzir mecanismos corretivos a partir
da reflexão assistida sobre o próprio desempenho.
Mas,
o que poderia ser feito diante da influência exterior indo do tamanho e
atividade da torcida até a imagem do clube grande e forte? Como o juiz se
mantém imparcial diante dessa tremenda pressão? Será que consciente do tremendo
poder dessa influência e exercitando a resistência, e mesmo a revolta, tente
compensar, beneficiando, com seu apito, ao time pequeno e fraco? Nesse caso,
não estaria sendo influenciado pela
ideia de que devemos resistir à influência e, então, apenas invertendo os
apitos?
Fonte: Texto Adaptado de http://docplayer.com.br/34585528-Sobre-os-juizes-de-futebol-competencia-imparcialidade-e-influencia.html
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