Do Futebol Parcial - Parte 2



Suponhamos que o juiz não seja torcedor de nenhum dois dos times, o grande e o pequeno, o forte e o fraco. Podemos supor que, como qualquer ser humano, tem alguma de duas disposições opostas: se inclina a favor do pequeno ou fraco, em nome de alguma versão interiorizada da justiça, ou a favor do grande em nome de outros critérios, por exemplo, o pequeno deve sofrer para crescer ou o fraco  não  deve  atrapalhar  o  campeonato  dos  adultos.   

De  fato,  um  bom  juiz, imparcial, deveria refletir sobre suas disposições e observar se elas influenciam sua forma de apitar. Talvez tivéssemos que colocar psicanalistas que lhes ajudassem a demover suas disposições caso elas existam. Essa tarefa não é fácil, sobretudo, se o recurso à análise é um direito do juiz e não uma obrigação posta como tal por um colegiado superior (corregedoria dos árbitros?). A análise estatística de sua atuação poderia dar sinais sobre sua disposição subjacente – isso não é impossível de ser feito – e, então, introduzir mecanismos corretivos a partir da reflexão assistida sobre o próprio desempenho.


Mas, o que poderia ser feito diante da influência exterior indo do tamanho e atividade da torcida até a imagem do clube grande e forte? Como o juiz se mantém imparcial diante dessa tremenda pressão? Será que consciente do tremendo poder dessa influência e exercitando a resistência, e mesmo a revolta, tente compensar, beneficiando, com seu apito, ao time pequeno e fraco? Nesse caso, não estaria  sendo influenciado pela ideia de que devemos resistir à influência e, então, apenas invertendo os apitos?






Fonte: Texto Adaptado de http://docplayer.com.br/34585528-Sobre-os-juizes-de-futebol-competencia-imparcialidade-e-influencia.html

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