Eu
estou aqui, entrando neste campo meio ralado. Ralado de não ter algumas partes
sem grama, ralado por não ter cerca em sua volta, ralado por estar cheio de
pessoas e nenhuma segurança.
Pergunto-me:
até a onde o amor me levou e até onde ele pode me levar? Arbitragem é minha
paixão, arbitragem é meu amor, o apito minha namorada e meus cartões a minha
emoção. Quando o jogo esquenta, a namorada grita, grita uma, duas, três, até
que as emoções afloram.
Escuto,
não escuto, vejo, mas também não vejo, mas não era isso que um Árbitro na tv
faria, mas aqui, não é um jogo na tv. Será que aplico ou será que respiro? Se
eu não fizer, vão me julgar, se eu fizer, eu vou apanhar. Se eu tivesse medo,
eu NÃO era Árbitro, mas a coragem faz você perder o jogo e a inteligência
previne o homem.
A
batucada na beira do campo me anima, faz sonhar com o “Maraca” cheio, eu ali no
meio tocando a orquestra. A namorada grita, o jogo para e o pessoal corre para
tirar o cachorro de campo. Ohh várzea minha linda, o que seria de um jogo sem
um cachorro e umas moitas no campo. O que seria da várzea, sem essa final
pegando fogo, por duas caixas de cerveja e 10kg de carne. Eu ali firmezinho,
ganhando o gigante na conversa e o boleiro no talento.
"
Em meu dez, tá balançando hoje em, essa nem o craque aquele fazia."
"
O meu zagueiro, eu quero te ajudar, mais tem que me ajudar também, só define os
braços pra mim, não faz te dar cartão que eu não quero, beleza?"
"O
meu treinador, já ia te chamar de Pepe Guardiola meu rei, aí você faz assim,
calma meu amigo, estamos juntos."
Tudo
certo, o jogo para terminar e os cinco minutos, uma eternidade para passar.
Escuto
um barulho e olho para trás, achei até que era um tiro, mas graças a Deus, era
só um rojão a estourar.
Fim
de papo, jogo apitado, torcida invade o campo, eu saiu a passos largos e
camuflado para não me acharem.
De:
Jhefferson Rodrigues.
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